Fotorreportagem

Ambulantes movimentam entorno do Hospital de Clínicas de Porto Alegre

Por Guilherme Freling e Maria Clara Centeno

Guilherme Freling
2 min readSep 19, 2022

--

A Prefeitura de Porto Alegre sancionou, em abril, uma nova lei para tentar incentivar a regularização de ambulantes no município. Porém, quatro meses depois e a pedido da reportagem, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo informa que nenhum alvará de ambulante de alimentos foi concedido para a região onde se localiza o Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Mesmo assim, quem circula pela região se depara com barraquinhas de trabalhadores vendendo lanches nos vários portões de acesso ao Hospital. Alheios à mudança na lei, os comerciantes seguem o trabalho a que se dedicam há anos. Diariamente, alimentam centenas de pacientes, acompanhantes e funcionários além de fornecer um ouvido acolhedor para quem passa por momentos delicados.

No portão 5 do HCPA, ao lado da barulhenta Avenida Protásio Alves, a Monteiro Lanches chama a atenção pela imponência. Luis (e) e Jonatan (d), seu genro, se revezam no grito “café, pastel, refri e água”, na tentativa de divulgar seus produtos. Há sete anos no ramo, eles contam que o negócio começou pequeno, com apenas uma mesinha e um guarda-sol — uma alternativa para o desemprego da família. Foto: Guilherme Freling e Maria Clara Centeno
A banca hoje é uma sociedade entre cinco membros da família. A longa jornada de trabalho no Hospital começa às 6h30 e se estende até o fim da tarde, ou quando acabam os pastéis. Diariamente, são cerca de 140 unidades vendidas para pacientes, acompanhantes e funcionários do hospital. Foto: Guilherme Freling e Maria Clara Centeno
A relação que os comerciantes estabelecem com os frequentadores do HCPA é de amizade, afinal, acabam sendo confidentes e testemunhas de seus momentos delicados. Nesse contexto, Jonatan enfatiza que as vendas são secundárias diante da “verdadeira missão” do grupo: divulgar a palavra de Deus. Eles são membros da Igreja Pentecostal Deus é Amor e afirmam que buscam oferecer alimento também para a alma dos pacientes, por quem oram e pedem proteção. Foto: Guilherme Freling e Maria Clara Centeno
Everton Monteiro — enteado de Luis, da Monteiro Lanches — e Victoria Maia possuem uma banca localizada na rua Ramiro Barcelos. O casal trabalha no ramo há nove anos, sendo sete nos arredores do HCPA. O negócio é familiar: além dos dois estandes montados no Clínicas, o irmão de Everton possui outro ponto no Hospital Conceição. Aqui, Vitória conta que nunca tiveram problemas com a Prefeitura, mas, no começo, a segurança do Hospital insistia para que eles saíssem. Com o tempo, conseguiram convencer representantes do Hospital a deixá-los seguir com a atividade. Foto: Guilherme Freling e Maria Clara Centeno
“Os guris são da correria’’, comenta Everton. Vitória explica que o casal acorda às 3h para organizar os produtos do dia e abrir a banca por volta das 6h. Brincalhões e dispostos a ajudar, formaram uma clientela fiel: “tratamos bem e eles voltam”, diz ela. Os lucros do empreendimento, segundo ela, são maiores do que o esperado inicialmente, quando abriram o negócio também como alternativa para o desemprego. Futuramente, pensam em comprar um trailer para qualificar e ampliar as vendas. Foto: Guilherme Freling e Maria Clara Centeno
Apesar da informalidade do empreendimento, as barraquinhas aceitam cartão e Pix. Eles comentam que o recurso facilitou o comércio, mas ainda é comum o pagamento em dinheiro. Para ter troco à disposição clientes, realizam trocas e empréstimos entre si, numa relação de companheirismo e confiança entre os colegas. Foto: Guilherme Freling e Maria Clara Centeno
Na banca de Everton e Vitória são vendidos pastéis — comprados de um fornecedor, o mesmo da Monteiro Lanches -, salgados — feitos pela mulher e por sua sogra — e bebidas. Assim, ainda que as bancas sejam independentes, a família mantém ligações entre os empreendimentos: mesmos fornecedores e ajuda nas operações. Foto: Guilherme Freling e Maria Clara Centeno
A Banca do Everton, de Everton Rodrigues, também aceita Pix como meio de pagamento. O estande está instalado nos arredores do HCPA desde 2014 e fica aberto das 8h às 18h. Ele iniciou o negócio devido a dificuldades financeiras: necessitava de uma renda melhor para sustentar a família. Everton comenta que trabalha sem alvará desde o início e vê com desconfiança as exigências burocráticas da Prefeitura. Foto: Guilherme Freling e Maria Clara Centeno
A Banca do Everton, de Everton Rodrigues, também aceita Pix como meio de pagamento. O estande está instalado nos arredores do HCPA desde 2014 e fica aberto das 8h às 18h. Ele iniciou o negócio devido a dificuldades financeiras: necessitava de uma renda melhor para sustentar a família. Everton comenta que trabalha sem alvará desde o início e vê com desconfiança as exigências burocráticas da Prefeitura. Foto: Guilherme Freling e Maria Clara Centeno

Fotorreportagem produzida para a cadeira de Fotojornalismo I 2022/1 da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico) da UFRGS.

--

--